Uma seleção de dançarinos de Break para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos da Juventude com dois contemplados paraibanos: motivo de orgulho, se não fosse o abafamento com o caso. Ou melhor dizer, o descaso. O resultado do processo, que foi divulgado pelo site “Breaking For Gold” no início deste mês, onde também foi feita a seleção, foi motivo de orgulho, mas que infelizmente não permaneceu sendo causador de lágrimas de felicidade.
Matheus Mizael e Jonas Max estavam na lista dos oito brasileiros escolhidos para a segunda fase da seletiva que escolheria dançarinos de Break para os Jogos Olímpicos da Juventude, que ocorrerá em 2018 em Bueno Aires, mas infelizmente, o “Bboy Negão”, como é conhecido Matheus e “Bboy Pé de Toddy”, nome dado para Jonas, que seguiriam para a segunda etapa junto com os demais selecionados, não conseguiram a verba para custear as despesas.
“Não fomos na Prefeitura porque teria que protocolar um ofício e teria que entregar pelo menos um mês antes e tal. A gente pensou em ir na Prefeitura só que não sabíamos com qual político falar e daí o tempo passou, ficamos nos apresentando em escolas pra arrecadação do dinheiro, mas acabou a gente não conseguindo” - disse Lucas, integrante do mesmo grupo de dança dos selecionados.
A segunda etapa da seletiva ocorreu no dia 6 de Outubro, na Filadélfia, Estados Unidos, mas o grupo Looney Tunes Crew, que treina os garotos iniciados por meio de um projeto social, não conseguiu dinheiro suficiente para a realização desse sonho. Tentaram vaquinha online, exibição das apresentações, tudo com um só intuito: embolsar dinheiro para bancar a viagem dos garotos. Mas infelizmente, o break ainda não está nas prioridades nem de apoio cultural e nem da mídia, que não pautou essa conquista como notícia.
Em entrevista, Jonas e Matheus declararam sua tristeza com o fato. "Não pude ir porque eu não consegui apoio. Fiquei muito triste", declarou Matheus, um dos selecionados. Jonas também se manifestou sobre o ocorrido: "Eu fiquei muito decepcionado porque nenhuma empresa privada e nem o governo nos apoiou financeiramente. Era um sonho que eu gostaria de realizar, mas devido a falta de interesse de patrocinadores não foi possível.".
Quando perguntados sobre esse episódio e o preconceito com a cultura de rua, eles declaram que também acham que a falta de visibilidade é fruto do preconceito, e que ainda existe muita rejeição relacionado ao hip hop no geral.
"Era uma oportunidade única, e deixar passar assim por falta de patrocínio... A gente sente muito", disse Matheus. Um sonho adiado pela falta de investimento e pela ausência de protagonismo dada às danças de rua. Uma dança de rua, mas que encontrou, no teto de uma comunidade, o sonho de dois jovens.